E assim começou minha internação...


Mal sabia eu que estava entrando naquela emergência sem prazo para ir embora... Fiquei de umas 15h às 20h no soro e fui transferida para um quarto, dando início à minha internação.

Comecei o dia pensando na comemoração do primeiro aniversário da minha caçula e terminei sem saber quando a veria novamente...

E essa era uma das maiores dores: minha bezerrinha, que mama sempre antes de dormir e depois de acordar... Em quem dou banho do jeitinho que ela gosta desde que nasceu... Pra quem preparo todas as refeições do dia... Que me faz companhia quando estou sozinha em casa, dividindo a cama comigo e me dando mais colo que eu pra ela... rs

A outra dor era a consciência de que tinha algo que ninguém sabia o que era. A única certeza era a lesão no cérebro, mas especialista algum sabia explicar o que a tinha causado. E nem precisar quando poderia ocorrer nova crise, e qual seria a gravidade. Resolveram me internar para que os exames pudessem ser feitos de forma mais rápida. Quanto antes o diagnóstico, mais cedo o tratamento.

E lá fomos nós... De início, tudo de novo: nova tomografia de crânio, novo Raio-X de tórax,... E a lesão continuava lá... Aí passaram para ultrassonografias de carótida, eletrocardiograma, hemogramas mil,... Fora o antibiótico para a suposta sinusite mal curada... Não tinha mais veias nos braços... Meu braço esquerdo ficou todo estourado... O direito já tava pedindo arrego... Os dedos da minha mão direita ficaram tão inchados que parecia que iam flutuar...

E a cada resultado sem resposta definitiva, mais e mais exames... Em alguns dias a bezerrinha aparecia à noite para mamar... Mas era tão rápido, tão pouquinho... Sentia tanto medo dela não me reconhecer mais e se esquecer de mim... Quando fiz a ressonância magnética do crânio ela teve que ficar dois dias sem mamar, por causa do contraste que eu tinha tomado para o exame. Nesse laudo, o radiologista responsável apontou para uma esclerose múltipla, mas os neurologistas não concordaram e resolveram pedir um exame mais complexo em que foi retirado um líquido da minha coluna.

A essa altura - quinta-feira, dia 15 de dezembro (a 5 dias do primeiro aniversário de Júlia) - eu já não aguentava mais aquela cama e aquele travesseiro... Aquela falta de respostas... Já nem pedia mais: implorava para me darem alta... Preciso MUITO agradecer a todos os amigos que foram me visitar. Eu não imaginava como a presença de pessoas queridas podiam fazer tanta diferença em um momento daqueles... Bell, Dani, Pedro, Ana Cristina - um panettone especial, adorei, obrigada! - , Adriana, Rafael, Zequinha, Luiz Cláudio, Pâmela, Wallace, Hannah, Lívia... Nossa, Lívia: me levou a Coca-Cola que foi a única cura pra minha dor de cabeça daquele dia... Fora os lanchinhos... Precisava tanto me sentir normal por um instante e comer aquelas coisinhas gostosas foi como estar num sonho... rs

Paulinha nem tenho como agradecer - estava comigo na ambulância e ficou por muito tempo desde o primeiro dia da internação. Não a coloquei na lista de visitantes porque não era. Foi muito mais que isso pra mim. E a testemunha da única notícia boa que tive nesses últimos tempos...

Como esse exame do líquido retirado da coluna iria demorar pra ficar pronto, os médicos começaram a cogitar a possibilidade de me deixar ir embora. Mesmo assim, ainda me torturaram por mais dois dias: só me deram alta - com o meu compromisso de que voltaria após o resultado dos exames, mesmo que fosse necessária a reinternação - no sábado, dia 17. Foram exatamente sete dias de internação. E naquela data eu completava 34 anos e 9 meses. Rezando e torcendo para estar nascendo de novo...

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