Quando não se está sozinho...



Liguei para o meu namorido. A primeira pessoa em quem pensei. A primeira pessoa que eu queria que estivesse ali. A primeira pessoa para quem poderia telefonar. Ele estava chegando no trabalho, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, e voltou. Foi em nossa casa, em São Gonçalo, buscar o carro e foi me encontrar no consultório do neurologista, em Icaraí, em Niterói.

Com a orientação de que era preciso pesquisar o que estava acontecendo para descobrir o que havia desencadeado aquilo tudo e poder tratar - mas sem nenhum aviso de que o quadro era mais grave do que pudesse parecer ou do que eu estivesse pensando - saí do consultório e bastou o olhar, um beijo e o abraço de Gustavo para que eu voltasse a sentir o chão sob os meus pés.

Como não se pode tratar uma doença desconhecida, apenas me foi receitado um comprimido de Valium toda noite antes de dormir, enquanto os resultados de todos os exames não ficassem prontos, para evitar novos episódios convulsivos.

E eu que nem sabia que convulsão não era aquela cena em que uma pessoa cai no chão se contorcendo e todos gritam "segura a cabeça pra não machucar, segura a língua pra não enrolar e sufocar"...

Um dos exames - o eletroencefalograma com mapeamento cerebral - eu consegui marcar para a mesma semana, mas os tantos outros (um hemograma tão completo que pedia exames que eu nem sabia que existia, angioressonância magnética de crânio, ecocardiograma e mais um monte de coisa que a letra do médico não me permitia decifrar...) só consegui vaga para duas semanas depois.


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