Como fui parar pela primeira vez em uma ambulância...



...pois é... Aquele sábado, dia 10 de dezembro de 2011 - a 10 dias do 1º aniversário da minha bezerrinha - me reservava ainda o início de algumas surpresas... De uma reviravolta em minha vida... Eu pensando no primeiro ano de vida da minha caçula sem imaginar que passaria a pensar também nos meus já muitos anos de vida (não suficientes, ainda, pra partir, na minha humilde opinião... rs).

Encontramos um restaurante a alguns passos da loja de balões, entramos, pegamos nossos pratos e começamos a escolher o que colocaríamos neles... A primeira coisa que vi foram os camarões empanados (quem me conhece sabe que camarão é um dos meus preferidos - empanado, frito, cru, cozido, de qualquer jeito,...). Minha cunhada já tinha feito e pesado o prato dela, estava sentada e começava a comer. Logo eu me sentei, abri minha Coca-Cola e logo depois nossa avó (a avó é do meu namorido, mas eu pego emprestada, já que não tenho mais as minhas... rs).

A caminho (na verdade, à procura) do restaurante, logo após sair da loja de balões, recebi uma ligação da prima de Gustavo, também Roberta, que estava presente no almoço do domingo anterior (quando tive uma convulsão achando que eram cãimbras) e ficou sabendo posteriormente da lesão cerebral encontrada pelos médicos. Queria saber como eu estava e eu expliquei que aguardava para fazer alguns exames.

Mal coloquei a primeira garfada na boca, senti que algo não estava bem. Eu me conheço tanto que logo reconheço quando algo está errado. Senti que ia passar mal. Me apressei em colocar a Coca-Cola no copo e tomar um, dois, três goles. Geralmente, pra quase tudo que sinto, a Coca-Cola logo faz efeito pra melhorar (principalmente pra uma jornalista que não fuma e não bebe café, a cafeína da Coca-Cola é "tiro e queda"...).

Quando eu percebi que não estava fazendo efeito algum, que eu não estava melhorando, falei pra minha cunhada que estava passando mal. Ainda liguei pra Gustavo pra dizer a mesma coisa. Sentia como se estivesse morrendo. Como se estivesse, aos poucos, perdendo o controle do meu próprio corpo. Um formigamento na cabeça, taquicardia, impressão de que não ia conseguir respirar e novamente a dormência do lado esquerdo do corpo...

Pagaram a conta - apesar de nem termos comido nada - e me colocaram em um táxi a caminho do Santa Martha - onde já havia sido atendida e iniciado meus exames. Com o taxista que estava ao volante comecei a passar ainda mais mal. Fico imaginando como certas pessoas conseguem tirar carteira de habilitação e como algumas dessas ainda conseguem ter uma profissão relacionada à direção no trânsito...

Parecia que o cara não tinha entendido que eu estava passando (muito) mal... Na verdade, achava que estava morrendo... Quando chegamos na Ponte Rio-Niterói, tive a certeza de que sequer teria tempo de me despedir de qualquer pessoa. "Tem um monte de carro na frente", dizia o taxista. Cansei de ver motoristas - nem taxistas eram - buzinando, cortando, correndo, demonstrando pressa por estar transportando alguém passando mal. E aquela criatura dirigindo o táxi como se estivesse a passeio...

Quando nos aproximamos do pedágio pedi para parar e a concessionária Ponte S.A. providenciou uma ambulância que me levou até o Santa Martha após autorização dos responsáveis e notificação de que já havia um quarto separado para minha internação na unidade. (Geralmente, a ambulância não pode se afastar da rodovia, por isso só pode levar os pacientes até o Hospital Estadual Azevedo Lima, no Fonseca).

Sempre me questionava quando via uma ambulância passando com aquela sirene estridente se aquele barulho não piorava as condições do doente lá dentro... Naquele dia eu descobri que, deitada naquela maca, com soro na veia, após descobrir que minha pressão estava 11 x 4, não havia lugar mais silencioso. Balançava, sacudia, mas eu sequer ouvia a sirene. Só ouvia a voz da minha própria consciência, me questionando se aquele momento teria fim. E se o final seria feliz ou se não haveria término. Apenas um recomeço.


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