Vida que (ainda) segue...

Bom... Acordei nesta terça-feira, dia 27 de novembro, querendo vir desabafar, mas ao mesmo tempo procurando pretextos para adiar esse momento. Porque quando abro este blog para atualizá-lo, me obrigo a parar de pensar em mil coisas ao mesmo tempo. É neste instante em que "converso" com este meu diário que não consigo mais fingir que nada está acontecendo.

Já estava me preparando para ficar longe das minhas bezerrinhas - Júlia agora com 1 ano e 11 meses e Bruna com 5 meses -, pensando como seria, sentindo aquela dorzinha doída (e acredito que normal para todas as mães que passam manhã, tarde, noite e madrugada com seus filhotes durante meses e de repente têm que se adaptar - talvez mais até que as próprias crianças - à uma nova rotina),...

De dezembro do ano passado a junho permaneci na licença médica, afastada do trabalho enquanto os médicos tentavam chegar a um diagnóstico e recebendo pela Previdência Social. Até que Bruna chegou - no dia 20 de junho, no exato dia em que Júlia completava 1 ano e 6 meses. Tive que dar entrada na licença maternidade - que dura apenas 120 dias - e emendei com 15 dias de licença amamentação. Aliás, Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde, médicos, pediatras, todos recomendam que os bebês sejam exclusivamente amamentados com o leite materno até os seis meses de vida, mas as empresas dão menos de quatro meses de licença. Qual a lógica? Será que um dia eu descubro?

Este período acabou no final de outubro e eu voltaria ao trabalho no dia 1º de novembro, mas não sem autorização do meu neurologista, com laudo me dando alta médica. A informação me foi passada por uma funcionária do RH do jornal. E eu ainda teria que passar por avaliação do médico da empresa também.

Tá, tudo bem. Minha preocupação não era nada disso. Eu só pensava em como seria me afastar das minhas bezerrinhas. Já tão profundamente feliz por acordar todo dia às 6h para amamentar Bruna, depois às 7h para amamentar Júlia (sim, ela ainda mama no peito...rs), então Bruna volta a dormir (mas já na minha cama), e Júlia começa a assistir "Mais Você" comigo e a festejar a cada aparição do "Lô José", e aí emenda no TVZ - e faz um show quando aparece o Naldo, esticando os dedinhos e cantando "um, dois, três, quatro" e depois levantando os bracinhos e dançando "alto, cima, alto, cima"... rs

Depois são uns monstros que ensinam matemática, pinguim, velozmenteeeeeeeee,... Almoço, banho, e sono! Dorme a tarde durante duas horas. Bruna agora está ficando mais acordada durante a tarde. Ficam as duas na sala assistindo DVD. Ou é "Xuxa só para baixinhos" ou é "Galinha pintadinha". Se bem que Júlia é fã de "Uma noite no museu" e "Deu a louca na Chapeuzinho" também... rs

Bom, então era sobre essa rotina, sobre perder essa rotina, que eu pensava. Até que chegou o laudo do neurologista, após minha última ressonância: "permanece em acompanhamento neurológico devido à lesão no Núcleo Caudado direito"... "permanece sem diagnóstico definido do achado radiológico"... "permanecerá em acompanhamento neurológico sem previsão de alta"...

E as dores de cabeça, com as quais eu já tinha até me acostumado, voltam a me preocupar. Será que eu tenho algo que poderia ser inofensivo caso soubessem o que é, para que eu pudesse saber se existe tratamento?

Então eu me lembro de uma mensagem recebida do meu amigo de muitos anos, Daniel: "o susto foi um aviso para que você pisasse no freio e desse mais atenção à família".

Sim, é verdade. Se eu tiver que ir embora amanhã, terei aproveitando muito o hoje. E o ontem também. Terei muitas lembranças e recordações adoráveis das minhas bezerras. Talvez elas nem tenham tantas de mim, pois são ainda muito pequenas. Mas eu irei com a sensação de ter cumprido meu papel de mãe de uma forma melhor que da primeira vez.

Que minha primogênita Rafaela possa um dia me perdoar por todas as horas de ausência. Por todos os momentos que dediquei ao jornal e não à ela.

Que minhas caçulas não precisem me dar esse tipo de perdão.

E que eu possa ver todas as três passando para as minhas netas e netos o mesmo amor que tenho por elas. Será a prova de que eu soube amá-las, demonstrar isso e ensiná-las a amar também.

Não consegui publicar um livro, já plantei flores, nenhuma árvore que me lembre, mas deixo aqui três sementes: as três meninas lindas e especiais que carreguei durante nove meses em minha barriga, amamentei tantos outros muitos meses,... As herdeiras que trouxe ao mundo... Que elas sejam um pedaço de mim. O pedaço bom.

:- )

P.S. Aos amigos que tiverem vontade de ajudar e puderem ler mais algumas linhas:

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